Blog voltado para assuntos relacionados a Linguística e Ensino, sob orientação da professora da disciplina de Introdução aos Estudos Linguísticos da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Ligiane Pessoa dos Santos Bonifácio. O corpo discente organizador do blog é composto por:Elda de Oliveira Brandes e Cristiana Nazário.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
quinta-feira, 18 de abril de 2013
Sociolinguística
A língua só existe por e através dos falantes que a usam.
Isso parece ser algo um tanto quanto óbvio, no entanto, os estudos linguísticos
até a pouco tempo atrás se centravam quase que exclusivamente no estudo da
língua em si, do seu sistema, e não do seu uso.
Aqui já nos deparamos com duas vertentes dos estudos linguísticos: o formalismo e o funcionalismo.
O formalismo, de forma simplificada, busca estudar o sistema linguístico, e o funcionalismo busca entender como funciona cada elemento desse sistema.
Antes de Saussure instituir formalmente o objeto de estudo da Linguística, e a Linguística como a ciência da linguagem, os estudiosos dos fenômenos linguísticos se preocupavam, sobretudo, com a História das Línguas. Depois de Saussure, os estudos passaram a ser focados no estado atual da línguas. Esse foi sem dúvidas um grande avanço, no entanto, uma das famosas dicotomias saussureanas, a langue / parole, ou língua / fala dizia que a fala, por ser individual, não era interessante de ser estudada na Linguística.
Pronto, estava armado um palco para inúmeras discussões que viriam logo a seguir!
O próprio Saussure afirma em seu Curso de Linguística geral (o livro que formalizou a Linguística) que a língua é um objeto social, no entanto, ele diz que o importante era analisar o sistema linguístico em si, e não suas variações na fala individual. Mais tarde, Chomsky se preocupará em analisar também o sistema como um todo.
Labov estudou o inglês não-padrão falado por negros na cidade de Nova Iorque. Seu trabalho é de suma importância para a formalização dos estudos em Sociolinguística porque ele dá as diretrizes necessárias para esse tipo de pesquisa.
Antes de Labov lançar essa obra, que foi sua tese de doutoramento, alguns esforços já estavam sendo tomados para a criação dessa nova disciplina linguística que passou a ser reconhecida como tal a partir do Congresso Internacional de Linguística, em 1967, na Romênia e do Congresso Internacional de Sociologia, em 1970 na Bulgária.
Foi Labov também que começou por utilizar alguns termos que seriam de extrema importância para os estudos linguísticos em geral, como a noção de socioleto, que seriam os dialetos sociais e a noção de variabilidade e mudança linguística como fator inerente a todas as língua naturais. Assim, alguns termos passaram a fazer parte dos estudos linguísticos, como:
Variação diatópica: as variações que uma língua sofre quando muda de um espaço geográfico para outro. Ex.: português mineiro, português paulista...
Variação diacrônica: as variações e mudanças ocorridas na língua durante seu percurso histórico. Ex.: "vossa mercê" que se torna "você".
Variação diastrática: as variações que ocorrem em relação à classe social a qual pertence o falante, sua idade, gênero, nível de escolaridade, etc. Ex.: a pronúncia do R final nos verbos no infinitivo (amaR, comeR) é identificada na fala de pessoas mais idosas, e cada vez menos frequente na fala dos jovens de MG.
Variação diafásica: a variação que fazemos, intencionalmente, na língua quado o contexto assim o pede. Ex.: tratar um amigo por "você" e alguém mais velho por "senhor".
A noção de variabilidade e de mudança linguística é de suma importância para um combate eficaz do Preconceito Linguístico, que ocorre quando algum falante de uma variedade menos prestigiada sofre algum tipo de violência moral por ser utente daquela variedade.
Da década de 60 para cá, muito se tem feito no âmbito dos estudos sociolinguísticos e esses estudos influenciam de forma muito visível outras áreas da Linguística, o que não poderia deixar de ser, afinal, se a língua existe em prol da comunicação e interação entre os seres humanos, ela só existe na Sociedade, e dessa forma, para entendermos adequadamente como funciona a língua, devemos levar em conta o grupo social no qual ela está inserida.
Aqui já nos deparamos com duas vertentes dos estudos linguísticos: o formalismo e o funcionalismo.
O formalismo, de forma simplificada, busca estudar o sistema linguístico, e o funcionalismo busca entender como funciona cada elemento desse sistema.
Antes de Saussure instituir formalmente o objeto de estudo da Linguística, e a Linguística como a ciência da linguagem, os estudiosos dos fenômenos linguísticos se preocupavam, sobretudo, com a História das Línguas. Depois de Saussure, os estudos passaram a ser focados no estado atual da línguas. Esse foi sem dúvidas um grande avanço, no entanto, uma das famosas dicotomias saussureanas, a langue / parole, ou língua / fala dizia que a fala, por ser individual, não era interessante de ser estudada na Linguística.
Pronto, estava armado um palco para inúmeras discussões que viriam logo a seguir!
O próprio Saussure afirma em seu Curso de Linguística geral (o livro que formalizou a Linguística) que a língua é um objeto social, no entanto, ele diz que o importante era analisar o sistema linguístico em si, e não suas variações na fala individual. Mais tarde, Chomsky se preocupará em analisar também o sistema como um todo.
Labov estudou o inglês não-padrão falado por negros na cidade de Nova Iorque. Seu trabalho é de suma importância para a formalização dos estudos em Sociolinguística porque ele dá as diretrizes necessárias para esse tipo de pesquisa.
Antes de Labov lançar essa obra, que foi sua tese de doutoramento, alguns esforços já estavam sendo tomados para a criação dessa nova disciplina linguística que passou a ser reconhecida como tal a partir do Congresso Internacional de Linguística, em 1967, na Romênia e do Congresso Internacional de Sociologia, em 1970 na Bulgária.
Foi Labov também que começou por utilizar alguns termos que seriam de extrema importância para os estudos linguísticos em geral, como a noção de socioleto, que seriam os dialetos sociais e a noção de variabilidade e mudança linguística como fator inerente a todas as língua naturais. Assim, alguns termos passaram a fazer parte dos estudos linguísticos, como:
Variação diatópica: as variações que uma língua sofre quando muda de um espaço geográfico para outro. Ex.: português mineiro, português paulista...
Variação diacrônica: as variações e mudanças ocorridas na língua durante seu percurso histórico. Ex.: "vossa mercê" que se torna "você".
Variação diastrática: as variações que ocorrem em relação à classe social a qual pertence o falante, sua idade, gênero, nível de escolaridade, etc. Ex.: a pronúncia do R final nos verbos no infinitivo (amaR, comeR) é identificada na fala de pessoas mais idosas, e cada vez menos frequente na fala dos jovens de MG.
Variação diafásica: a variação que fazemos, intencionalmente, na língua quado o contexto assim o pede. Ex.: tratar um amigo por "você" e alguém mais velho por "senhor".
A noção de variabilidade e de mudança linguística é de suma importância para um combate eficaz do Preconceito Linguístico, que ocorre quando algum falante de uma variedade menos prestigiada sofre algum tipo de violência moral por ser utente daquela variedade.
Da década de 60 para cá, muito se tem feito no âmbito dos estudos sociolinguísticos e esses estudos influenciam de forma muito visível outras áreas da Linguística, o que não poderia deixar de ser, afinal, se a língua existe em prol da comunicação e interação entre os seres humanos, ela só existe na Sociedade, e dessa forma, para entendermos adequadamente como funciona a língua, devemos levar em conta o grupo social no qual ela está inserida.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Semiótica
O que é semiótica?
Semiótica é a doutrina formal dos signos.
Cf. Charles Sanders Peirce, 2.227.
"O nome semiótica vem da raiz grega semeion,
que quer dizer signo." "Semiótica, portanto, é
a ciência dos signos, é a ciência de toda e qualquer linguagem."
(p.7) "A Semiótica é a ciência que tem por objeto
de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja,
que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo
e qualquer fenômeno de produção de significação
e de sentido." (p.13)
Santaella, L. (1983). O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense.
Santaella, L. (1983). O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense.
Pierce apresenta muitas e diversificadas definições de signo,mas,resumidamente,poderíamos dizer que o signo (ou representamen) é uma coisa que representa outra - no caso, seu objeto - ou,conforme as palavras do filósofo: "[...] para algo possa ser um Signo (expressão ou representamen),esse algo deve representar',[...] alguma outra coisa,chamada seu objeto ,apesar de ser talvez arbitrária a condição segundo a qual um signo deve ser algo distinto de seu objeto"(Pierce,1999:47).
A Semiótica de Peirce não é considerada um ramo do conhecimento aplicado, mas sim um saber abstrato e formal, generalizado. Segundo este autor, as pessoas exprimem o contexto à sua volta através de uma tríade, qual seja, Primeiridade, Segundidade e Terceiridade, alicerces de sua teoria. Levando em conta tudo que se oferece ao nosso conhecimento, exigindo de nós a constatação de sua existência, e tentando distinguir o pensamento do ato de pensar racional, ele chegou à conclusão de que toda experiência é percebida pela consciência aos poucos, em três etapas. São elas: qualidade, relação – posteriormente substituída por Reação - e representação, trocada depois por Mediação.
terça-feira, 16 de abril de 2013
Semântica
“Semântica “entende-se, comumente,” a ciência das Significações das línguas
naturais “. Essa definição assinala a diferença que existe entre uma semântica
linguística propriamente dita, que objetiva estudar a forma do plano de
conteúdo das línguas naturais, e uma semântica semiótica que estuda a
significação dos sistemas sínicos secundários, ainda os que deixam margens para
duvidas no tangem à participação, neles, da dupla articulação.
Uma “semântica linguística” deve abranger, de acordo com Alan Rey (1969.7):
a) O estudo do léxico;
b) O estudo das estruturas
gramaticais (morfologia e sintaxe).
Ela deve, por sua vez, ser abrangida pela
semiótica (no sentido de estudo das relações pragmáticas).
Sob o pressuposto de que o sentido constitui uma
evidencia, a semântica constitui, sem duvida, um dos mais antigos domínios da
linguística;mas,por isso mesmo, ela se plasmou como o “menos cientifico” desses
domínios.
Sabemos que nós, assim como muitos outros, pertencemos a um grupo
social falante da língua portuguesa – nosso idioma oficial. Assim sendo,
podemos afirmar que essa mesma língua se manifesta como um sistema de
signos convencionais regidos por certas regras de organização,
representadas pelos preceitos gramaticais.
Na realidade,o sentido não é nunca uma evidência, sendo, como sabemos o plano dos significantes a única manifestação linguística.O sentido, em si,é sempre o resultado de uma interpretação.De fato,atribuir tal o qual sentido a mensagem significa construir uma meta linguagem parafrásica; ora,as paráfrases são ou não cientificas (isto é, da ordem da “compreensão intuitivas “do homem comum para quem “as palavras dizem sempre aquilo mesmo que desejam dizer”),ou cientificas (isto é, são modelos, construtos mentais que objetivam descrever o funcionamento dos conteúdos linguísticos, tal como as formulas matemáticas ou químicas).
Veja:
Na realidade,o sentido não é nunca uma evidência, sendo, como sabemos o plano dos significantes a única manifestação linguística.O sentido, em si,é sempre o resultado de uma interpretação.De fato,atribuir tal o qual sentido a mensagem significa construir uma meta linguagem parafrásica; ora,as paráfrases são ou não cientificas (isto é, da ordem da “compreensão intuitivas “do homem comum para quem “as palavras dizem sempre aquilo mesmo que desejam dizer”),ou cientificas (isto é, são modelos, construtos mentais que objetivam descrever o funcionamento dos conteúdos linguísticos, tal como as formulas matemáticas ou químicas).
Veja:
Pedra está associada a um significante e a um significado
= sf. 1. Matéria mineral dura e sólida, da natureza das rochas. 2. Fragmento dela. 3. Rocha, rochedo. 4, Lápide sepulcral. [...]. Tais pressupostos nos remetem ao significado.
= também a: p/e/d/r/a – imagem sensorial, representada por meio de letras. Pressuposto este demarcado pelo significante.
Munidos agora dessa percepção, concluímos o porquê de o significante e do significado estarem intimamente ligados à semântica, pois ela se caracteriza como a ciência dos significados das palavras. E compreender bem acerca deles (dos significados) é fundamental para que possamos escolher de forma adequada e conveniente as palavras que melhor expressam nossas ideias, nossos pensamentos.
São atribuições da semântica, portanto, o estudo da:
Sinonímia
Bondoso = Caridoso
Antonímia
Bondoso X Maldoso
Paronímia
Emigrar x Imigrar
Homonímia
Acento X Assento
Polissemia
Hidrate bem suas mãos (parte constitutiva do corpo humano)
Não abra mão de seus direitos. (abdicar de algo, desistir)
Fazendo referência a este caso, há que se constatar que, dependendo do contexto, uma mesma palavra pode assumir distintos significados.
Denotação e Conotação
Admiro o voo dos pássaros. (sentido literal, retratado pelo dicionário) = denotação
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Mário Quintana (grifos nossos)
(sentido figurado, subjetivo) = conotação
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